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DTG – Doença Trofoblástica Gestacional
Autora: Dra. Sue Sun
Adjunta do Departamento de Obstetrícia da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina e presidente da Associação Brasileira de Doença Trofoblástica Gestacional
Edição 15
A Doença Trofoblástica Gestacional engloba um grupo de doenças originadas em células placentárias, principalmente.
A doença pode ser classificada em formas benigna ou maligna, a depender do tipo de manifestação.
Estudos mostram que a incidência da DTG é variada nas diferentes regiões do mundo. No Brasil, estima-se que ocorra um caso de gravidez molar em cada 200-400 gestações, taxa 5 a 10 vezes maior que na América do Norte.
Especialista no assunto, a Dra. Sue Sun, adjunta do Departamento de Obstetrícia da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina e presidente da Associação Brasileira de Doença Trofoblástica Gestacional, esclarece detalhes sobre o tema.
O que é a Doença Trofoblástica Gestacional?
A Doença Trofoblástica Gestacional é uma doença constituída por células placentárias (também chamadas de células trofoblásticas) anormais, correspondentes a um tipo especial de gravidez denominada mola hidatiforme.
Além da mola hidatiforme, a DTG engloba também os tumores malignos, nomeados como Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG), que podem se desenvolver a partir das células trofoblásticas da mola hidatiforme ou de qualquer outro tipo de gravidez (aborto, gravidez ectópica, gravidez normal).
Como é feito o diagnóstico?
Existem dois tipos de mola hidatiforme: a mola hidatiforme completa e a mola hidatiforme parcial. Ambas são gestações onde o hormônio beta hCG é produzido em excesso devido à anormalidade do trofoblasto. Por isso, as pacientes apresentam muitos enjoos, por vezes vômitos, e emagrecimento. Outro sintoma visto frequentemente é o sangramento vaginal. Tais manifestações colaboram para o diagnóstico, assim como o beta hCG elevado e a ultrassonografia.
Quando a mulher está no começo da gravidez, até cerca de 10 semanas, a DTG pode ser confundida com um aborto. No caso da mola completa, na ultrassonografia, nunca é identificado um embrião. Na parcial, pode até ser visto um embrião vivo que, no geral, não sobrevive até 12 semanas.
Qual conduta o médico deve tomar diante do diagnóstico?
O ideal é internar a paciente e fazer a retirada da mola hidatiforme do útero, por meio de um tipo de curetagem a vácuo, chamada vácuo-aspiração manual uterina (AMIU).
A mola completa tem 20% de chance de se transformar em NTG e a mola parcial tem chance de 5%. Para saber se isto está acontecendo a paciente deve fazer exame de sangue semanal, começando na semana seguinte da curetagem, para medir o beta hCG, que vai abaixando.
Deve também evitar gravidez, preferencialmente com o uso de um método hormonal (pílula, injeção, adesivo, implante).
Numa situação ideal, o beta hCG demora cerca de 8 semanas para baixar até ficar normal (abaixo de 5 mUI/mL). Já quando a mola está se transformando em NTG, o beta hCG para de baixar e pode voltar a aumentar.
No caso de ser identificado NTG, o tratamento a ser realizado é a quimioterapia. Há um mito de que a mulher com NTG precisa retirar o útero para ser curada. Mas, na maioria das vezes, a quimioterapia é suficiente para o tratamento da doença e a paciente pode engravidar novamente.